sexta-feira, 18 de maio de 2012

A (mais uma) pressão do parto

Desde o começo, quando comecei a pensar no parto, eu queria que meu parto fosse natural, lindo maravilhoso e fácil como o da minha mãe.
Fui na primeira consulta pré-natal com uma médica que já foi logo me avisando que ia sair de férias no mês que eu teria meu pequenininho. Pulei fora.
Me consultei com um médico em outro hospital que era especializado em gravidez de alto risco, fiquei animada, gostei dele, meu marido também e fomos pra segunda consulta, terceira, e aí que começamos a falar do parto e ele já deixou claro que fazia muito mais cesárias do que partos normais, fiquei preocupada mas continuei com ele, porque já estava com meus seis meses de gestação, trabalhando, estudando e sem disposição pra ir atrás de outro médico. Posteriormente descobri que ele tinha acompanhado a gestação de uma das minhas tias, a esposa do meu primo e irmã dela, o que me deixou muito mais tranquila.

Sai semana, entra semana e o que as pessoas mais perguntam "Vai querer cesária ou normal?" e eu toda feliz da vida respondia que queria parto normal, o que causava o estranhamento de muitos, porque hoje em dia no Brasil, 82% de quem pode escolher, tá escolhendo meter a faca e fazer cirurgia cesária
.
Desde quando a família soube que eu estava grávida, a pressão pra eu ter parto normal não pequena, era tia, prima, amiga da concunhada, papagaio, cachorro, falando que parto normal era o melhor, e claro, que eu concordo, é muito verdade; quando a gravidez é tranquila e na hora não tem complicação nenhuma, não tem porque ser cesária.

Mas eis que chega o dia, tô em casa assistindo TV, a bolsa estoura mas na hora não tive certeza se tinha estourado mesmo ou eu estava fazendo xixi nas calças, vou para o hospital, a plantonista já queria me levar pro centro cirúrgico na mesma hora, mas meu marido liga pro meu médico que tá chegando e não deixa ninguém me levar para lugar nenhum haha. E nada de eu sentir uma contraçãozinha sequer, era umas quatro horas da tarde, fui sentir contração lá pras  oito e meia da noite, e depois que as contrações começaram o meu médico chegou e viu tinha mecônio na placenta, falou que não ia dar pra esperar, e que tínhamos que ir pro centro cirúrgico. Nãããão, eu quero parto normal, 'por favor doutor', chorei, mas depois vi que era o melhor a fazer pelo meu filho. Menos de meia hora meu Felipe já tinha nascido, eu já tinha o visto, mas tava na sala de recuperação esperando a a anestesia passar. Depois fui pro quarto, amamentei meu filhote e foi quase tudo uma maravilha, tirando todos incômodos e dores e algumas pessoas falando coisas desnecessárias.
E foi depois de nascer o Felipe que comecei a ver blogs sobre parto, maternidade e tal, percebi uma certa 'separação' entre as mamães de parto natural e as mamães de parto cesário... Vi em vários blogs, algumas pessoas falando que cesária não era parto e que mães que não tiveram parto natural não saberão a emoção de ter um filho, mas PERA LÁ, eu sei a emoção de ter um filho, eu senti ele saindo de mim, foi um momento inexplicável, de muita emoção, pressão, alegria e por aí vai... Li até que eram menos mãe quem optava por uma cesária. não acho certo dizer isso de maneira nenhuma e em nenhum contexto.
E no começo, me senti muito mal por não ter sido capaz de ter meu filho sozinha, me senti incapaz e quem sabe, por alguns segundos, até menos mãe. Depois esse sentimento horrível passou e me bateu uma revolta de todos aqueles acham que são melhores por terem tido seus filhos em parto natural, espalhando por aí que toda cesária é eletiva porque Deus fez a mulher para ter seu filho sozinha (?).
E agora tô num momento em que quero difundir a ideia de que há casos e casos.
Enfim, esse assunto ainda tem muito pano pra manga e vou terminar esse post com uma publicação da minha tia Ju no Facebook:

"Cada um tem q se adaptar a sua realidade e sua saúde. O que serve para vc, pode não servir para mim. Por isso existe o PRÉ-NATAL. Onde o médico acompanha e verifica as medidas da gestante e evolução do bebê. Sou Agente de Saúde e acompanho "de perto" cada família... e sei que a saúde, na teoria e na prática, tem muita diferença. PORTANTO, cada mulher deve fazer o que for melhor para si e, principalmente, para o bebê. Que é quem merece toda atenção."
Um beijo tia Ju, e beijo a todos! 

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